terça-feira, 4 de junho de 2019

Homo sapiens sapiens e a incrível capacidade da não sobrevivência

Nós, sendo animais humanos, somos uma negação de habilidades e armas naturais. Não possuímos nada especial para caçar por exemplo, não somos providos de garras fortes, presas ameaçadoras, veneno, ou qualquer outro tipo de ferramenta de ataque. (Nesta hora os veg. sorriem e dizem: isso mostra que somos naturalmente coletores de frutas e vegetais e não carnívoros [isso não é bem verdade, porém também não é mentira, mas vai ficar para outro texto]).

Independente disso, além de não contarmos com nada especial para caçar, não possuímos sequer mecanismos de defesa. Nós não temos chifres, carapaça protetora, pele urticante, ou qualquer sistema complexamente útil de proteção.

Então, se nós não possuímos mecanismos nem de ataque nem defesa, como sobrevivemos (leia-se: nossos antepassados, hominídeos primitivos) e chegamos até hoje?

A resposta é um tanto quanto óbvia: nós raciocinamos e manejamos/manufaturamos os recursos naturais. (bipedalismo e polegar opositor foram bastante importantes também, contudo hoje vamos focar na habilidade de ‘criar coisas’). Primitivamente nossos ancestrais desenvolveram ferramentas, armas, armadilhas, organizaram-se em grupos sociais que ajudavam-se entre si, fazendo com que ao passar do tempo aprendessem e utilizassem cada vez mais novos recursos e ferramentas.

A questão é que a nossa capacidade de raciocinar e utilizar os recursos naturais para o bem comum da espécie modificou-se a ponto de vivermos em um sistema completamente exploratório e desequilibrado, onde acreditamos ser a forma de vida dominante e detentora de todos os direitos deste planeta criticamente finito. Onde ignoramos os resultados lógicos de nossas ações.

Todas as formas de vida que conhecemos possuem uma capacidade natural, instintiva, de buscar uma maneira de manter as gerações futuras e consequentemente a própria espécie viva. Entretanto, ao analisarmos nossas estruturas sociais parece que como humanidade perdemos esta capacidade, de importar-nos com nossos decendentes, de garantirmos a sobrevivência daqueles que virão depois de nós.

É claro que é visível o cuidado parental com sua prole, etc. Porém, o desastre que representa as derrubadas das matas diariamente; os efeitos trágicos nas resíduos que vão parar no mar; as ameaças e os efeitos atuais das mudanças climáticas; o esgotamento dos recursos hídricos; as consequências do uso excessivo de agrotóxicos; o resultado das emissões dos gases do efeito estufa; entre outra série de informações, todas claramente sabidas, cientificamente comprovadas, inquestionáveis, parecemos esquecer e seguir com nossos padrões e hábitos ‘terráqueo-suicídas’ como se não fosse problema nosso.

Quem sabe seja exatamente a nossa incrível capacidade de sempre encontrar uma maneira de manter-se vivo que nos passe essa despreocupação. Talvez as pessoas seguem fazendo o que fazem acreditando que desenvolverão mecanismos para sobreviver, independente da situação.

Eu de certa maneira concordo, penso que por mais que a Terra siga sendo destruída da maneira que está, haverá pessoas (com muito dinheiro ou recursos) que terão condições de SOBREVIVER, apenas isso. Que conseguirão ter um local protegido das chuvas ácidas, dos raios solares nocivos, da poluição do ar, onde logrem aclimatar ambientes, produzir comida e o que mais for necessário. Entretanto, o planeta como um todo, estará praticamente sem vida.

Isso não é exagero. Tudo o que é fundamental para nossa existência provém da natureza e dos serviços ecossistêmicos, os quais são mantidos pela biodiversidade e suas funções ecológicas, porém seguimos destruindo tudo de maneira impetuosa.

A sexta grande extinção em massa já começou, tendo como seu principal vetor as ações humanas. Nossa forma de exploração, nossa cultura consumista, nossa falta de empatia pelas gerações futuras e principalmente nossa falta de humildade para reconhecer que somos apenas mais uma espécie, dentre tantas, dividindo o mesmo planeta, está acabando com a biodiversidade e condenando todos a um futuro crítico.
Por fim, fecho este texto com uma frase da fantástica Greta Thunberg: “Eu não quero a vossa esperança. Eu não quero que sejam esperançosos. Eu quero que vocês entrem em pânico".

Em algum momento, não muito distante, os registros históricos nos definirão como a geração mais irresponsável da história da humanidade.

sábado, 26 de janeiro de 2019

Lágrimas de Lama



O povo de Mariana ainda chora
E não chora sozinho
Um tsunami de lágrimas
Vai descendo em Brumadinho
Estas lágrimas são de lama
E matam pelo caminho

Na terra de Minas
O que não falta é riqueza
Não o minério soterrado
Sim o seu povo e sua natureza
Que mais uma vez foram varridos
Pela lama da tristeza

Neste planeta finito
Natureza e progresso devem andar lado a lado
Porém, na ganância do capitalismo
Meio ambiente sempre foi negligenciado
Porquê dessa forma os lucros
Seguem muito bem, obrigado

Depois de muito lamento
A tragédia se repetiu
Evidenciando como é deprimente
A negligência no Brasil
Aplaudindo e pedindo biz
Ao maior crime que já se viu